Reúno aqui uma pequena parte dos textos que, ao longo dos últimos anos, fui escrevendo a solicitação de várias publicações periódicas, em especial na tradicionalmente designada imprensa pedagógica. Tratou-se, de início, de uma experiência difícil. Foi necessário exercitar uma escrita distinta daquela que, há muito mais tempo, pratico em trabalhos académicos sobre educação, embora procurando evitar concessões que me pareciam excessivas. Mas foi a necessária economia do argumento, por força das limitações que me impunham, que se tornou mais exigente.
Em ambos os casos, creio que cedo compreendi estar perante o registo típico e a razão de ser deste género de textos: intervenções, tomadas de posição, opiniões, críticas ao que se vai passando no mundo, complexo e polifacetado, da educação; não a partir do ponto de vista, mais ou mesmo distante, do espectador, ou mesmo do comentador, mas antes do partícipe, seja em termos de acção educativa, seja em termos de objecto de estudo, seja ainda, e neste caso principalmente, de exercício da cidadania. Neste sentido, cada texto resultou de uma certa “agitação interior”, como dizia Jorge de Sena, porém sem tempo e sem vocação para o amadurecimento, a revisão, a emenda. No entanto, à parte pequenas alterações, os textos não sofreram agora quaisquer revisões significativas. Devem, também por isso, ser lidos sem perder de vista a data da sua publicação e a plausível erosão do tempo, mesmo quando foram seleccionados, precisamente, pela actualidade, ou pelas potencialidades interpretativas relativamente ao tempo presente, que o autor julga que mantêm.
Tenho assumido, desde as primeiras experiências, tratar-se de textos que, para mim, comportam um certo risco: são mais reactivos, menos vigiados, e por isso mais livres face às regras de produção próprias do meu ofício. Mas isso não significa optar pela pura espontaneidade, ou, em caso algum, suspender a minha relação académica com a educação. Trata-se, não obstante as tensões enfrentadas, de uma outra forma de trazer a educação para o debate na esfera pública e de a tratar como coisa pública, que a todos diz respeito, e daí o título escolhido para esta pequena colectânea – a educação na república.
Agradeço a todos quantos me convidaram a produzir estes textos e destaco José Paulo Serralheiro, inesquecível na liderança de A Página da Educação. Ao Tiago Manuel fico a dever a generosidade da sua participação, através de uma interpretação própria, eloquente e ácida, dos meus textos.
Braga, 3 de Janeiro de 2010